quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Menos professores

O PROGRESSO (MS)

O sistema público de Educação caminha para um colapso que pode, num futuro muito próximo, comprometer ainda mais a qualidade do ensino oferecido pela União, estados e municípios.

O sistema público de Educação caminha para um colapso que pode, num futuro muito próximo, comprometer ainda mais a qualidade do ensino oferecido pela União, estados e municípios. O Censo do Ensino Superior, elaborado pelo Ministério da Educação e divulgado ontem pelo jornal Folha de São Paulo, revela que, pelo segundo ano consecutivo, o Brasil registrou queda no número de acadêmicos formados em cursos fundamentais como Letras, Química, Física, Geografia, Filosofia e Biologia. A constatação é grave porque atinge diretamente os estudantes do ensino fundamental (5ª a 9ª séries) e do ensino médio, que recebem uma formação cada vez mais deficitária e ficam em condições ainda mais desiguais na disputa com os alunos do ensino particular por vagas nas universidades públicas brasileiras. Os números mostram que as universidades brasileiras formaram 70.507 profissionais nestas áreas em 2007, número 4,5% menor que o apurado em 2006 e 9,3% a menos que em 2005. O mais grave é que a grande maioria dos formados foge do magistério, aumentando cada vez mais o déficit de professores no ensino fundamental e Médio.
Em Mato Grosso do Sul, a situação não é diferente. Levantamento da Federação dos Trabalhadores em Educação (Fetems) revela que os cursos de Química e Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) formaram apenas cinco novos profissionais em 2008, já que a evasão universitária é ainda maior nas áreas onde os salários são baixos e, para piorar o problema, os poucos que se formam em Química são contratados pela indústria. A situação seria infinitamente mais grave se o Estado não tivesse adotado uma política de recuperação dos salários dos educadores, tanto que hoje um professor da Rede Estadual de Ensino, em começo de carreira, recebe salário mensal de R$ 2,4 mil por 40 horas semanais (dois períodos) para lecionar no ensino médio. Se no Estado o problema é menos grave, no cenário nacional, disciplinas como Letras apresentaram queda de 10% no número de formados em 2007; Geografia teve redução de 9%; Química formou 7% a menos e Filosofia apresentou retração de 5% no volume de profissionais formados.
O próprio governo admite que, em poucos anos, o País não terá professores para lecionar no ensino médio, principalmente nas disciplinas de Química, Física, Biologia e Matemática, onde as dificuldades são patentes no ano letivo que está começando e, pasmem, a maioria dos professores que leciona estas matérias não têm formação específica, ou seja, são profissionais com formação em outras áreas que estão ministrando aulas de exatas, porque já falta professor em todo o Brasil. O problema não é novo, mas o governo insiste em fazer de conta que a crise não existe. No ano passado, por exemplo, a Câmara de Educação Básica divulgou relatório alertando para os riscos de faltar professores para o ensino médio em todo Brasil, mas, desde então, pouco foi feito para tornar a carreira mais atraente e, com isto, levar mais acadêmicos aos cursos que são oferecidos em universidades públicas pelo Brasil afora, mas que, estranhamente, apresentam os maiores índices de evasão universitária.
Atualmente, o déficit de professores do ensino médio está em 252 mil educadores nos 27 estados, volume que tende a aumentar nos próximos anos. Os baixos salários, a insalubridade e a violência no interior das Escolas públicas estão afastando cada vez mais as pessoas da profissão. O medo e a insegurança passaram a fazer parte da rotina dos professores e, hoje, a grande maioria dos educadores chega na Escola sem saber se conseguirá colocar em prática o plano de aula que foi elaborado com canto zelo na noite anterior. A situação está crítica em todas as fases da Educação, mas a gravidade maior está mesmo no ensino médio, onde o país precisa de 55 mil professores de Física. Para impedir que o ensino médio sofra um apagão no médio prazo, ou seja, que a Educação fique ainda mais prejudicada pela falta de professores, o governo precisa investir em uma política nacional de formação de professores e, paralelamente, promover a recuperação salarial para atrair novos profissionais para o magistério. A questão é: será que o governo está preocupado com este problema? Vai saber!

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