sábado, 31 de janeiro de 2009

Educação Inclusiva é ampliada na rede municipal de ensino em 428%

Da Redação

A inclusão de crianças com deficiência nas escolas e creches de Cuiabá tem se ampliado a cada ano. Atualmente, no sistema público de ensino da Capital, 98 unidades escolares registram matrículas de alunos especiais, dentre as 131 unidades que constituem a rede municipal.
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, do Ministério da Educação (Inep/MEC), havia 62 crianças matriculadas na modalidade Educação Inclusiva, em Cuiabá, no ano letivo de 2004. Em 2008, o Inep/MEC registrou o total de 327 matrículas. Em quatro anos, houve uma ampliação de 428% no atendimento especializado na rede municipal de ensino, de acordo com os números apresentados pelo governo federal.
A partir deste levantamento, é possível identificar uma concentração maior de alunos especiais nos anos iniciais do Ensino Fundamental, ou seja, no período equivalente entre a primeira e a quarta séries, na rede municipal.
No sistema privado de ensino da Capital, o atendimento educacional especializado nas modalidades comuns à rede pública - Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA) - atingiu o total de 577 alunos, no ano passado. Nas instituições particulares, a maior concentração de matrículas de alunos com deficiência está entre a primeira e a quarta etapas da EJA.
Num relatório produzido pela SME no mês de dezembro de 2008, observou-se um índice maior de matrículas de alunos com necessidades especiais nas regionais Norte e Sul, nas quais havia 315 crianças matriculadas. Nas regionais Leste e Oeste, foram identificados 160 estudantes nas mesmas condições. O documento produzido pela SME aponta um total de 475 alunos com deficiência, inclusos na rede municipal de ensino.
Diversidade - As necessidades especiais dos alunos inclusos são variadas. Há casos de deficiências auditiva, visual, mental, física, múltipla, transtorno global do desenvolvimento, síndromes – de Down, Rett e Willians – e casos de autismo.
As necessidades especiais dos alunos inclusos são variadas. Há casos de deficiências auditiva, visual, mental, física, múltipla, transtorno global do desenvolvimento, síndromes – de Down, Rett e Willians – e casos de autismo.
Para facilitar o aprendizado e inclusão destes alunos, são empregados recursos como libras, sistema braille, soroban, além do apoio de professores intérpretes. Orientação postural, comunicação alternativa e aumentativa, exercícios de raciocínio lógico, para a memória e para estimular uma vida mais autônoma, também são empregados no trabalho de auxiliar crianças com deficiências múltiplas ou déficit cognitivo. No caso de alunos com altas habilidades, são empregados programas de enriquecimento curricular, com atividades que permitam avançar mais nos conteúdos dominados pelas turmas nas quais estão inseridos.
Ampliação - Neste ano, serão estruturadas 10 novas salas multifuncionais. Com esse acréscimo, 25 núcleos serão mantidos na rede pública de ensino do município.
Neste ano, serão estruturadas 10 novas salas multifuncionais. Com esse acréscimo, 25 núcleos serão mantidos na rede pública de ensino do município.
O atendimento educacional especializado nas escolas municipais, onde são mantidos os núcleos multifuncionais, oportuniza ao estudante com deficiência freqüentar as aulas no ensino regular num turno e, no horário oposto, desenvolver atividades específicas às suas necessidades. Algumas escolas contempladas com as novas salas multifuncionais são: Ministro Marcos Freire (Jardim dos Ipês), Maria da Glória de Souza (Lixeira), Gastão de Mattos Müller (Pedra 90), Jescelino Reiners (Novo Horizonte), Marechal Cândido Rondon (Alvorada), Lenine de Campos Póvoas (Jardim União).
Atualmente, o atendimento especializado com o auxílio dos núcleos multifuncionais funcionam nas escolas Dom Bosco do Praeirinho (Praeirinho), Doutor Fábio Firmino Leite (Dr. Fábio), Jesus Criança (Nova Esperança), Maria Dimpina Lobo Duarte (Coxipó), Maria Elazir (São João Del Rey), Maria Tomich (Ribeirão do Lipa), Madre Marta Cerutti (Bela Vista), Nossa Senhora Aparecida (Novo Colorado), Orzina de Amorim Soares (Jardim Vitória), Pedrosa de Moraes (Novo Paraíso), Pe. Raimundo Pombo (Parque Cuiabá), Rafael Rueda (Jardim Umuarama), Udney Rodrigues Amorim (Distrito da Guia), Benedita Xavier Rodrigues (Distrito da Guia) e Francisval de Brito (Coophamil).
Metas- Para que o atendimento aos alunos especiais seja adequado, os professores atualizam os conhecimentos em cursos de formação continuada. "Além de abrir novas vagas, aumentando o número de alunos, principalmente na Educação Infantil, a gente está preocupado com a qualidade de ensino", afirmou o secretário municipal de Educação, Carlos Carlão do Nascimento, explicando que a SME adotou um planejamento para melhorar as práticas educacionais e desenvolveu um projeto exclusivo para a Educação Especial, denominado "Inclusão em Evidência". Além da estruturação de salas multifuncionais, o projeto prevê o encaminhamento dos alunos avaliados aos serviços educacionais, de saúde e assistência social que favoreçam o desenvolvimento humano.
Para que o atendimento aos alunos especiais seja adequado, os professores atualizam os conhecimentos em cursos de formação continuada. "Além de abrir novas vagas, aumentando o número de alunos, principalmente na Educação Infantil, a gente está preocupado com a qualidade de ensino", afirmou o secretário municipal de Educação, Carlos Carlão do Nascimento, explicando que a SME adotou um planejamento para melhorar as práticas educacionais e desenvolveu um projeto exclusivo para a Educação Especial, denominado "Inclusão em Evidência". Além da estruturação de salas multifuncionais, o projeto prevê o encaminhamento dos alunos avaliados aos serviços educacionais, de saúde e assistência social que favoreçam o desenvolvimento humano. Resultados- Na escola municipal Nossa Senhora Aparecida, situada no bairro Novo Colorado, funciona um dos pólos multifuncionais. Em 2008, 20 alunos com deficiência foram atendidos nesse espaço, distribuídos em dois grupos, sendo 10 crianças freqüentes pela manhã e 10 no período vespertino. Entre eles, estava matriculada uma menina portadora de uma doença degenerativa, responsável pela perda da visão num período determinado de tempo. Desde que começou a freqüentar as aulas, Mileid Jéssica de Almeida, 11 anos, recebeu orientação para aprender a conviver com essa dificuldade. O sistema Braille foi um dos recursos empregados no processo de aprendizado e socialização. "Com o acompanhamento especializado, ela desenvolveu bastante", relatou a mãe, Mariuza Gregória de Almeida. "Minha menina não sabia nada", revelou. Neste período, Mileid estava regularmente matriculada no terceiro ano e duas vezes por semana freqüentava a sala multifuncional. De acordo com a pedagoga especialista em Educação Especial, Ana Mirlei Cebalho, a aluna interagia normalmente com as outras crianças, que colaboravam com ela na realização das atividades. Com o início do ano letivo, a aluna retorna às aulas na mesma unidade escolar.

Na escola municipal Nossa Senhora Aparecida, situada no bairro Novo Colorado, funciona um dos pólos multifuncionais. Em 2008, 20 alunos com deficiência foram atendidos nesse espaço, distribuídos em dois grupos, sendo 10 crianças freqüentes pela manhã e 10 no período vespertino. Entre eles, estava matriculada uma menina portadora de uma doença degenerativa, responsável pela perda da visão num período determinado de tempo. Desde que começou a freqüentar as aulas, Mileid Jéssica de Almeida, 11 anos, recebeu orientação para aprender a conviver com essa dificuldade. O sistema Braille foi um dos recursos empregados no processo de aprendizado e socialização. "Com o acompanhamento especializado, ela desenvolveu bastante", relatou a mãe, Mariuza Gregória de Almeida. "Minha menina não sabia nada", revelou. Neste período, Mileid estava regularmente matriculada no terceiro ano e duas vezes por semana freqüentava a sala multifuncional. De acordo com a pedagoga especialista em Educação Especial, Ana Mirlei Cebalho, a aluna interagia normalmente com as outras crianças, que colaboravam com ela na realização das atividades. Com o início do ano letivo, a aluna retorna às aulas na mesma unidade escolar.

Um desestímulo à educação

Carga tributária incidente sobre os materiais escolares chega a 50% em alguns produtos, o que provoca um rombo no orçamento doméstico de muitas famílias. Projetos em tramitação no Congresso Nacional prometem aliviar o bolso dos contribuintes
GESIANE ALVESgalves@jornaldacomunidade.com.br

A alta carga tributária é o que mais pesa nos preços dos materiais escolares. Neste ano, os impostos chegaram a 50% sobre esses produtos. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), entre os tributos arrecadados para os cofres públicos está o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), além dos tributos sobre a folha de salário.
O que mais encarece a compra desses materiais escolares são os impostos incidentes em cada um deles. A caneta, por exemplo, tem mais de 48% de impostos embutidos. Em cima da borracha, o Estado arrecada 43,9% e não poupa sequer na régua: 45,85%. Os produtos escolares encareceram 15% em relação a 2008. Confira no quadro abaixo o valor do imposto sobre cada produto.
O governo federal é o principal vilão. “O governo diminui o IPI de um carro zero, por exemplo, e não faz o mesmo com produtos essenciais, como os de educação”, comenta João Eloe Olenike, diretor técnico do IBPT. Ele acredita que há um paradoxo no fato de a carga tributária ser tão alta e haver tanta criança fora da escola.
Em futuro não muito distante, no entanto, a população poderá ter a oportunidade de pagar menos pelos produtos escolares. Isso porque tramita no Congresso Nacional um projeto de lei, de autoria do senador José Agripino (DEM-RN), como resultado das manifestações do IBPT, que isenta os materiais escolares de IPI, PIS e Cofins.
Um desfalque no orçamento
Renivaldo Alves da Silva, sargento da Polícia Militar, gastou só no mês de janeiro mais de R$ 1.000,00 com os materiais escolares dos três filhos. Taiane da Silva Alves, 15 anos, está no 3° ano do segundo grau e gastou em média R$ 700,00 entre materiais e livros. Natália Alves Camelo, 11 anos, cursa a 6° série e precisou de mais de R$ 300,00 para ficar pronta para as aulas. Bruno Alves da Silva, 10, passou para a 4° série e seus materiais custaram cerca de R$ 70,00.
A mãe das crianças, Tatiana da Silva Alves, ressalta que a diferença do preço pago em 2008 foi grande. Ela afirma que as despesas foram altas, mesmo tendo feito várias pesquisas em mais de cinco papelarias da cidade. “Tem muita coisa que temos de ficar repetindo de um ano para outro, como o fichário, por exemplo, pois não dá para comprar um novo todo ano com o preço que está”, diz.
Com o projeto do senador Papaléo Paes (PSDB-AP), de 2007, o contribuinte poderá deduzir do Imposto de Renda as despesas com material escolar. O limite anual individual que poderá ser deduzido será a metade do valor determinado pela legislação para dedução com despesas de instrução. Tem a finalidade de oferecer uma compensação aos brasileiros pelos impostos que pagam e que já estão embutidos no preço final do material escolar.
Mas para o contribuinte ter esse benefício é preciso tirar a nota fiscal do que foi comprado. O projeto está em tramitação, ainda falta passar pela Comissão de Assuntos Econômicos e depois para a Câmara. Dermeval de Melo, chefe de Gabinete do senador, acha que o projeto tem tudo para ser aprovado.
A alta dos impostos causa evasão nas escolas
O senador Mão Santa (PMDB-PI) acha que os impostos embutidos nos materiais não são investidos de forma adequada. Para ele, a maioria dos pais nem sabe que está pagando para os cofres públicos mais de 40% de impostos em uma única borracha. O parlamentar acredita que a educação, a saúde e a segurança teriam mais qualidade se os impostos estivessem realmente sendo bem investidos.
Muitos pais não conseguem manter os filhos em escolas particulares devido ao alto custo dos materiais escolares. Há também os que não conseguem comprar toda a lista do que as escolas solicitam, até mesmo nas públicas. Isso pode causar uma evasão tanto nas escolas particulares como nas públicas, o que não é bom para o país por ser um desestímulo à educação. O que facilitaria e incentivaria a educação seria isentar o imposto na compra de materiais escolares, assim como já acontece com os livros didáticos. Os impostos que são cobrados dificultam o acesso da população à educação.
Crescimento das vendas
Apesar da alta carga tributária, algumas empresas do setor atacadista tiveram crescimento de vendas entre 10% e 20% no ano passado, comparado a 2007. Anderson Nunes, diretor-executivo do Sindicato do Comércio Atacadista, diz que as preparações começaram em agosto e as vendas para o setor varejista aconteceram em novembro e dezembro passados. “A alta dos impostos não atrapalhou o setor atacadista, até porque eu desconheço esse aumento (dos impostos sobre o material escolar)”, comentou.
Na defesa do consumidor, o Procon-DF fiscalizou mais de 14 papelarias entre os dias 22 e 28 de janeiro. O objetivo era averiguar se os preços dos produtos estão claros e adequados, a política de aceitação de cheques, cartões de crédito e se estava havendo cobrança de juros abusivos.
Quatro papelarias foram autuadas por uma série de irregularidades, entre elas a cobrança de tempo de abertura de conta para aceitação de cheque, ausência da identificação do Procon no bloco de notas, no cupom fiscal e nos caixas e preço diferenciado para compra em cartão de crédito ou débito.
Para que os autos de infração não sejam arquivados, o que forçará as empresas a pagarem multa, as papelarias devem entrar com um pedido de defesa. As multas variam de R$ 212 a R$ 3,2 milhões.

WORKSHOP DE PESQUISA CIENTÍFICA

Hoje (31/01), das 8h30 às 17hs, o Instituto Superior de Economia e Administração (Isead) promove workshop com o tema Construção de trabalhos acadêmicos. O evento será ministrado pela mestre em Educação pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Geni Barbosa. Na programação, haverá a palestra "Como elaborar uma pesquisa científica, exemplificando com uma pesquisa etnográfica" e Oficinas de Pesquisa.

O encontro tem como objetivo facilitar a viabilização e execução de projetos e monografias, bem como a elaboração de trabalhos acadêmicos em geral dirigidos à área de Pedagogia. A palestrante Geni Barbosa é professora da rede pública de Olinda e coordenadora Pedagógica do Ciclo Alfabetizador na rede particular, com diversos artigos publicados.

O workshop acontece no auditório do Colégio Nossa Senhora do Carmo, que fica à Rua Visconde de Goiana, 370 - Boa Vista, entrada pela Rua Barão de São Borja. Entrada gratuita.

Informações podem ser obtidas com a coordenadora pedagógica Patrícia Ignácio pelo (81) 3414.7756/ 9650.3909

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Brasil e Cabo Verde fecham parceria na educação

Cursos nas áreas de turismo e pedagogia formarão profissionais em Cabo Verde.

Da RedaçãoBrasília - Os governos do Brasil e de Cabo Verde assinaram, quinta-feira (29), acordo de cooperação para formar profissionais e professores no país africano, especialmente nas áreas de turismo e hospitalidade.
O acordo para implementação do Projeto de Fortalecimento Institucional do Instituto de Emprego e Formação Profissional foi assinado no Itamaraty pelo secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (MEC), Eliezer Pacheco, pelo embaixador de Cabo Verde no Brasil, Daniel Antonio Pereira, pelo diretor da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Marcos Farani, e pelo reitor do Instituto Federal de Goiás, Paulo César Pereira.
O projeto, previsto para ser implementado em dois anos, envolverá recursos da ordem de US$ 794 mil, sendo uma parte financiada pela ABC. O Brasil vai estruturar cursos na área de restaurante e bar, técnico em cozinha e pastelaria e recepção e governança. Todos os cursos terão 1.600 horas. Também serão formados professores na área de pedagogia da educação profissional.
De junho de 2007 a março de 2008 foi implementada a primeira etapa do projeto de formação profissional em turismo e hospitalidade em Cabo Verde, capacitando 200 multiplicadores nas ilhas de São Vicente, Santiago, Fogo, Sal e Santo Antão – cinco das dez ilhas que formam o país. Para este curso foram enviados docentes do Instituto Federal de Goiás. Com informações do MEC.

Frei Betto destaca papel da educação na formação de cidadãos críticos

Da RedaçãoAgência Pará
Autor de dezenas de livros, em sua maioria voltados à formação crítica do indivíduo, Frei Betto participou na tarde desta quinta-feira (29) da conferência “Organização da educação popular e participação na América Latina”, na tenda Irmã Dorothy, armada na Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra). A palestra faz parte da programação do Fórum Social Mundial e reuniu um grande público, formado por representantes de movimentos sociais, educadores e manifestantes de causas populares.
Frei Betto dedicou sua fala à família da irmã Dorothy Stang, representada na conferência por três familiares. “Por todo seu trabalho em defesa de um mundo melhor”, disse. E ao se referir ao Fórum Socia Mundial, como contraponto à reunião de Davos (Suiça), falou que, ao chegar, avistou um bando de urubus, centenas deles com uma faixa com os seguintes dizeres: “estamos a caminho de Davos”. Em seguida, criticou o modelo econômico proposto pelos representantes dos países ricos. “Hoje tem presidente com vergonha de ir a Davos, porque a economia defendida por eles desabou”, constatou.
Para ele, este é um momento importante para a construção de um novo movimento, porque, segundo informou, nenhum fórum reuniu tanta gente como o que está acontecendo em Belém. “Nós somos um mundo possível, mas ainda não temos clareza de qual mundo queremos”. Em seguida, defendeu que o lema do fórum deveria ser “contra um mundo impossível”. Um mundo onde, segundo ele, 80% dos recursos são usados apenas por 20% dos habitantes do planeta, "sendo que os Estados Unidos, sozinho, absorve 30% disso”, informou.
Ele lamentou a falta de organização de grande parte dos setores sociais, a falta de renovação dos quadros nos movimentos e destacou o papel da educação na formação de cidadãos críticos, conscientes de seus direitos. Enalteceu o trabalho de Paulo Freire e conclamou todos para que voltem a utilizar os livros do educador brasileiro “guardados nas prateleiras”. “Precisamos levar a educação popular de Paulo Freire a cada bairro, a cada canto deste país, pois só assim conseguiremos criar um contraponto a esse modelo perverso e cruel”.
Ao ser perguntado sobre o que o FSM pode fazer para acabar com tanta injustiça, Frei Betto respondeu que o fórum serve como combustível, onde cada um vem para recarregar suas energias.
Por Tereza Vasconcelos - Seduc

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Governo estende Bolsa Família e merenda escolar

Do www.conjur.com.br/
O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva assinou, nesta quarta-feira (28/1), medidas provisórias que alteram dispositivos sobre o Bolsa Família e alimentação escolar. Mais 1,3 milhão de famílias receberão ajuda financeira, para isso o limite salarial subiu para R$ 137 mensais. Antes o teto era R$ 120. Com as duas mudanças o governo federal deve gastar mais de R$ 871 milhões.

O valor concedido pelo programa Bolsa Família pode ser de R$ 20 até R$ 182 mensais. Para as famílias pobres que têm apenas um filho com até 15 anos de idade, o valor recebido é R$ 20. As casas que tiverem adolescentes de 16 a 17 anos também serão beneficiadas.
A merenda escolar era distribuída apenas aos alunos do ensino fundamental da rede pública de educação. Com a MP 455, a merenda será estendida para o ensino médio. Cerca de 7,3 milhões de alunos serão incluídos.

Na última terça-feira (27/1), o governo cortou R$ 37 bilhões do orçamento para 2009. Em entrevista à Agência Brasil, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que o gasto com a nova medida não contradiz a ação federal que diminui o orçamento. “O governo está fazendo todo um trabalho de revisar a receita, a despesa e vamos inclusive adotar novas medidas em função da conjuntura econômica, como o aumento dos benefícios sociais.”

Leia a íntegra da Medida Provisória 455 sobre a merenda escolar.
Presidência da RepúblicaCasa CivilSubchefia para Assuntos Jurídicos
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 455, DE 28 DE JANEIRO DE 2009.
Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica, altera a Lei no 10.880, de 9 de junho de 2004, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei:
Art. 1º Para os efeitos desta Medida Provisória, entende-se por alimentação escolar todo alimento oferecido no ambiente escolar, independentemente de sua origem, durante o período letivo.

Art. 2º São diretrizes da alimentação escolar:
I - o emprego da alimentação saudável e adequada, compreendendo o uso de alimentos variados, seguros, que respeitem a cultura, tradições e hábitos alimentares saudáveis, contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento dos alunos e para a melhoria do rendimento escolar, em conformidade com a sua faixa etária e seu estado de saúde, inclusive dos que necessitam de atenção específica;
II - a inclusão da educação alimentar e nutricional no processo de ensino e aprendizagem, que perpassam pelo currículo escolar, abordando o tema alimentação e nutrição e o desenvolvimento de práticas saudáveis de vida, na perspectiva da segurança alimentar e nutricional;
III - a universalidade do atendimento aos alunos matriculados na rede pública de educação básica;
IV - a participação da comunidade no controle social, no acompanhamento das ações realizadas pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios para garantir a oferta da alimentação escolar saudável e adequada;
V - o apoio ao desenvolvimento sustentável, com incentivos para a aquisição de gêneros alimentícios diversificados, produzidos em âmbito local e preferencialmente pela agricultura familiar e pelos empreendedores familiares, priorizando as comunidades tradicionais indígenas e de remanescentes de quilombos; e
VI - o direito à alimentação escolar, visando garantir segurança alimentar e nutricional dos alunos, com acesso de forma igualitária, respeitando as diferenças biológicas entre idades e condições de saúde dos alunos que necessitem de atenção específica e aqueles que se encontram em vulnerabilidade social.
Art. 3º A alimentação escolar é direito dos alunos da educação básica pública e dever do Estado, e será promovida e incentivada com vistas ao atendimento das diretrizes estabelecidas nesta Medida Provisória.
Art. 4º O Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE tem por objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas necessidades nutricionais durante o período letivo.
Art. 5º Os recursos financeiros consignados no orçamento da União para execução do PNAE serão repassados em parcelas aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às escolas federais, pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, em conformidade com o disposto no art. 208 da Constituição e observadas as disposições desta Medida Provisória.
§ 1º A transferência dos recursos financeiros, objetivando a execução do PNAE, será efetivada automaticamente pelo FNDE, sem necessidade de convênio, ajuste, acordo ou contrato, mediante depósito em conta-corrente específica.
§ 2º Os recursos financeiros de que trata o § 1o deverão ser incluídos nos orçamentos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios atendidos e serão utilizados exclusivamente na aquisição de gêneros alimentícios.
§ 3º Os saldos dos recursos financeiros recebidos à conta do PNAE existentes em 31 de dezembro deverão ser reprogramados para o exercício subseqüente, com estrita observância ao objeto de sua transferência, nos termos disciplinados pelo Conselho Deliberativo do FNDE.
§ 4º O montante dos recursos financeiros de que trata o § 1o será calculado com base no número de alunos devidamente matriculados na educação básica pública de cada um dos entes governamentais, conforme os dados oficiais de matrícula, obtidos no censo escolar realizado pelo Ministério da Educação.
§ 5º Excepcionalmente, para os fins deste artigo, a critério do FNDE, serão considerados como parte da rede municipal e distrital, ainda, os alunos matriculados em:
I - creches, pré-escolas e escolas do ensino fundamental e médio qualificadas como entidades filantrópicas ou por elas mantidas, inclusive as de educação especial; e
II - creches, pré-escolas e escolas comunitárias de ensino fundamental e médio, conveniadas com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
§ 6º É facultado ao FNDE firmar convênios com núcleos, associações ou entidades similares representantes das comunidades indígenas e quilombolas, em parceria com a entidade executora, conforme parágrafo único do art. 6o, visando o oferecimento de alimentação escolar aos alunos das escolas localizadas em áreas tradicionalmente ocupadas pelos índios e remanescentes de quilombos.
Art. 6º É facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios repassarem os recursos financeiros recebidos à conta do PNAE às unidades executoras das escolas de educação básica pertencentes à sua rede de ensino, observando o disposto nesta Medida Provisória, no que couber.
Parágrafo único. O Conselho Deliberativo do FNDE expedirá normas relativas a critérios de alocação de recursos e valores per capita, bem como para organização e funcionamento das unidades executoras e demais orientações e instruções necessárias à execução do PNAE.
Art. 7º Os Estados poderão transferir a seus Municípios a responsabilidade pelo atendimento aos alunos matriculados nos estabelecimentos estaduais de ensino localizados nas suas respectivas áreas de jurisdição, e, nesse caso, autorizar expressamente o repasse direto ao Município, por parte do FNDE, da correspondente parcela de recursos calculados na forma do parágrafo único do art. 6o.
Art. 8º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios apresentarão ao FNDE a prestação de contas do total dos recursos recebidos.
§ 1º A autoridade responsável pela prestação de contas, que inserir ou fizer inserir documentos ou declaração falsa ou diversa da que deveria ser inscrita, com o fim de alterar a verdade sobre o fato, será responsabilizada na forma da lei.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios manterão em seus arquivos, em boa guarda e organização, pelo prazo de cinco anos, contados da data de aprovação da prestação de contas do concedente, os documentos a que se refere o caput, juntamente com todos os comprovantes de pagamentos efetuados com os recursos financeiros transferidos na forma desta Medida Provisória, ainda que a execução esteja a cargo das respectivas escolas, e estarão obrigados a disponibilizá-los, sempre que solicitado, ao Tribunal de Contas da União, ao FNDE, ao Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal e ao Conselho de Alimentação Escolar - CAE.
§ 3º O FNDE realizará auditagem da aplicação dos recursos nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, a cada exercício financeiro, por sistema de amostragem, podendo requisitar o encaminhamento de documentos e demais elementos necessários para tanto, ou, ainda, delegar competência a outro órgão ou entidade estatal para fazê-lo.
Art. 9º O FNDE, os entes responsáveis pelos sistemas de ensino e os órgãos de controle externo e interno federal, estadual e municipal criarão, segundo suas competências próprias ou na forma de rede integrada, mecanismos adequados à fiscalização e ao monitoramento da execução do PNAE.
Art. 10. Qualquer pessoa física ou jurídica poderá denunciar ao FNDE, ao Tribunal de Contas da União, aos órgãos de controle interno do Poder Executivo da União, ao Ministério Público e ao CAE as irregularidades eventualmente identificadas na aplicação dos recursos destinados à execução do PNAE.
Art. 11. A responsabilidade técnica pela alimentação escolar nos Estados, no Distrito Federal, nos Municípios e nas escolas federais caberá ao nutricionista responsável, que deverá respeitar as diretrizes previstas nesta Medida Provisória e na legislação pertinente, no que couber, dentro das suas atribuições específicas.
Art. 12. Os cardápios da alimentação escolar deverão ser elaborados pelo nutricionista responsável com utilização de gêneros alimentícios básicos, respeitando-se as referências nutricionais, os hábitos alimentares, a cultura e a tradição alimentar da localidade, pautando-se na sustentabilidade e diversificação agrícola da região, na alimentação saudável e adequada.
Parágrafo único. Para efeito desta Medida Provisória, gêneros alimentícios básicos são aqueles indispensáveis à promoção de uma alimentação saudável, observada a regulamentação aplicável.
Art. 13. A aquisição dos gêneros alimentícios, no âmbito do PNAE, deverá obedecer ao cardápio planejado pelo nutricionista e será realizada, sempre que possível, no mesmo ente federativo em que se localizam as escolas, observando as diretrizes de que trata o art. 2o desta Medida Provisória.
Art. 14. Do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo trinta por cento deverá ser utilizado na aquisição de gêneros alimentícios da agricultura familiar e do empreendedor familiar, priorizando os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas, excetuando-se o disposto no § 2o deste artigo.
§ 1º A aquisição de que trata este artigo poderá ser realizada dispensando-se o procedimento licitatório, desde que os preços sejam compatíveis com os vigentes no mercado local, observando-se os princípios inscritos no art. 37 da Constituição, e os alimentos atendam às exigências do controle de qualidade estabelecidas pelas normas que regulamentam a matéria.
§ 2º A observância do percentual previsto no caput será disciplinada pelo FNDE e poderá ser dispensada quando presentes uma das seguintes circunstâncias:
I - impossibilidade de emissão do documento fiscal correspondente;
II - inviabilidade de fornecimento regular e constante dos gêneros alimentícios;
III - dificuldades logísticas que inviabilizem o fornecimento de gêneros alimentícios; e
IV - condições higiênico-sanitárias inadequadas.
Art. 15. Compete ao Ministério da Educação propor ações educativas que perpassem pelo currículo escolar, abordando o tema alimentação e nutrição e o desenvolvimento de práticas saudáveis de vida, na perspectiva da segurança alimentar e nutricional.
Art. 16. Compete à União, por meio do FNDE, autarquia responsável pela coordenação do PNAE, as seguintes atribuições:
I - estabelecer as normas gerais de planejamento, execução, controle, monitoramento e avaliação do PNAE;
II - realizar a transferência de recursos financeiros visando a execução do PNAE nos Estados, Distrito Federal, Municípios e escolas federais, bem como para as entidades indígenas e remanescentes de quilombos, na forma estabelecida no art. 5o;
III - promover a articulação interinstitucional entre as entidades federais envolvidas direta ou indiretamente na execução do PNAE;
IV - promover a adoção de diretrizes e metas estabelecidas nos pactos e acordos internacionais, com vistas à melhoria da qualidade de vida dos alunos da rede pública da educação básica;
V - prestar orientações técnicas gerais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o bom desempenho do PNAE;
VI - cooperar no processo de capacitação dos recursos humanos envolvidos na execução do PNAE e no controle social; e
VII - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas objetivando a avaliação das ações do PNAE, podendo ser feitos em regime de cooperação com entes públicos e privados.
Art. 17. Compete aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, no âmbito de suas respectivas jurisdições administrativas, as seguintes atribuições, conforme disposto no § 1o do art. 211 da Constituição:
I - garantir que a oferta da alimentação escolar se dê em conformidade com as necessidades nutricionais dos alunos, durante o período letivo, observando as diretrizes estabelecidas nesta Medida Provisória, bem como o disposto no inciso VII do art. 208 da Constituição;
II - promover estudos e pesquisas que permitam avaliar as ações voltadas para a alimentação escolar, desenvolvidas no âmbito das respectivas escolas;
III - promover a educação alimentar e nutricional, sanitária e ambiental nas escolas sob sua responsabilidade administrativa, com o intuito de formar hábitos alimentares saudáveis aos alunos atendidos, mediante atuação conjunta dos profissionais de educação e do responsável técnico de que trata o art. 11 desta Medida Provisória;
IV - realizar, em parceria com o FNDE, a capacitação dos recursos humanos envolvidos na execução do PNAE e no controle social;
V - fornecer informações, sempre que solicitado, ao FNDE, ao CAE, aos órgãos de controle interno e externo do Poder Executivo, a respeito da execução do PNAE, sob sua responsabilidade;
VI - fornecer instalações físicas e recursos humanos que possibilitem o pleno funcionamento do CAE, facilitando o acesso da população;
VII - promover e executar ações de saneamento básico nos estabelecimentos escolares sob sua responsabilidade, na forma da legislação pertinente;
VIII - divulgar em locais públicos informações acerca do quantitativo de recursos financeiros recebidos para execução do PNAE;
IX - prestar contas dos recursos financeiros recebidos à conta do PNAE, na forma estabelecida pelo Conselho Deliberativo do FNDE; e
X - apresentar ao CAE, na forma e no prazo estabelecidos pelo Conselho Deliberativo do FNDE, o relatório anual de gestão do PNAE.
Art. 18. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de suas respectivas jurisdições administrativas, Conselhos de Alimentação Escolar - CAE, órgãos colegiados de caráter fiscalizador, permanente, deliberativo e de assessoramento, compostos da seguinte forma:
I - um representante indicado pelo Poder Executivo do respectivo ente federado;
II - dois representantes das entidades de docentes, discentes e de trabalhadores na área de educação, indicados pelo respectivo órgão de classe, a serem escolhidos por meio de assembléia específica;
III - dois representantes de pais de alunos, indicados pelos Conselhos Escolares, Associações de Pais e Mestres ou entidades similares, escolhidos por meio de assembléia específica; e
IV - dois representantes indicados por entidades civis organizadas, escolhidos em assembléia específica.
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão, a seu critério, ampliar a composição dos membros do CAE, desde que obedecida a proporcionalidade definida nos incisos deste artigo.
§ 2º Cada membro titular do CAE terá um suplente do mesmo segmento representado.
§ 3º Os membros terão mandato de quatro anos, podendo ser reconduzidos de acordo com a indicação dos seus respectivos segmentos.
§ 4º A presidência e a vice-presidência do CAE somente poderão ser exercidas pelos representantes indicados nos incisos II, III e IV deste artigo.
§ 5º O exercício do mandato de conselheiros do CAE é considerado serviço público relevante, não remunerado.
§ 6º Caberá aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios informar ao FNDE a composição do seu respectivo CAE, na forma estabelecida pelo Conselho Deliberativo do FNDE.
Art. 19. Compete ao CAE:
I - acompanhar e fiscalizar o cumprimento das diretrizes estabelecidas na forma do art. 2o desta Medida Provisória;
II - acompanhar e fiscalizar a aplicação dos recursos destinados à alimentação escolar;
III - zelar pela qualidade dos alimentos, em especial quanto às condições higiênicas, bem como a aceitabilidade dos cardápios oferecidos; e
IV - receber o relatório anual de gestão do PNAE e emitir parecer conclusivo a respeito, aprovando ou reprovando a execução do Programa.
Parágrafo único. Os CAE poderão desenvolver suas atribuições em regime de cooperação com os Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional estaduais e municipais e demais conselhos afins, e deverão observar as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - CONSEA.
Art. 20. Fica o FNDE autorizado a suspender os repasses dos recursos do PNAE quando os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios:
I - não constituírem o respectivo CAE ou deixarem de efetuar os ajustes necessários, visando o seu pleno funcionamento;
II - não apresentarem a prestação de contas dos recursos anteriormente recebidos para execução do PNAE, na forma e nos prazos estabelecidos pelo Conselho Deliberativo do FNDE; e
III - cometerem irregularidades na execução do PNAE, na forma estabelecida pelo Conselho Deliberativo do FNDE.
§ 1º Sem prejuízo do previsto no caput, fica o FNDE autorizado a comunicar eventuais irregularidades na execução do PNAE ao Ministério Público e demais órgãos ou autoridades ligadas ao tema de que trata o Programa.
§ 2º O restabelecimento do repasse dos recursos financeiros à conta do PNAE ocorrerá na forma definida pelo Conselho Deliberativo do FNDE.
Art. 21. Ocorrendo a suspensão prevista no art. 20, fica o FNDE autorizado a realizar, em conta específica, o repasse dos recursos equivalentes, pelo prazo de cento e oitenta dias, diretamente às unidades executoras, conforme previsto no art. 6o desta Medida Provisória, correspondentes às escolas atingidas, para fornecimento da alimentação escolar, dispensando-se o procedimento licitatório para aquisição emergencial dos gêneros alimentícios, mantidas as demais regras estabelecidas para execução do PNAE, inclusive quanto à prestação de contas.
Parágrafo único. A partir da publicação desta Medida Provisória, o FNDE terá até cento e oitenta dias para regulamentar a matéria de que trata o caput deste artigo.
Art. 22. O Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE, com o objetivo de prestar assistência financeira, em caráter suplementar, às escolas públicas da educação básica das redes estaduais, municipais e do Distrito Federal e às escolas de educação especial qualificadas como beneficentes de assistência social ou de atendimento direto e gratuito ao público, bem como às escolas mantidas por entidades de tais gêneros, observado o disposto no art. 25, passa a ser regido pelo disposto nesta Medida Provisória.
§ 1º A assistência financeira a ser concedida a cada estabelecimento de ensino beneficiário será definida anualmente e terá como base o número de alunos matriculados na educação básica e especial, de acordo com dados extraídos do censo escolar realizado pelo Ministério da Educação, observado o disposto no art. 24.
§ 2º A assistência financeira de que trata o § 1o será concedida sem a necessidade de celebração de convênio, acordo, contrato, ajuste ou instrumento congênere, mediante crédito do valor devido em conta bancária específica:
I - diretamente à unidade executora própria, representativa da comunidade escolar, ou àquela qualificada como beneficente de assistência social ou de atendimento direto e gratuito ao público; ou
II - ao Estado, ao Distrito Federal ou ao Município mantenedor do estabelecimento de ensino, que não possui unidade executora própria.
Art. 23. Os recursos financeiros repassados para o PDDE serão destinados à cobertura de despesas de custeio, manutenção e de pequenos investimentos, que concorram para a garantia do funcionamento e melhoria da infra-estrutura física e pedagógica dos estabelecimentos de ensino.
Art. 24. O Conselho Deliberativo do FNDE expedirá normas relativas aos critérios de alocação, repasse, execução, prestação de contas dos recursos e valores per capita, bem como sobre a organização e funcionamento das unidades executoras próprias.
Art. 25. Os Estados, Distrito Federal e os Municípios deverão inscrever, quando couber, nos seus respectivos orçamentos os recursos financeiros destinados aos estabelecimentos de ensino a eles vinculados, bem como prestar contas dos referidos recursos.
Art. 26. As prestações de contas dos recursos recebidos à conta do PDDE, a serem apresentadas nos prazos e constituída dos documentos estabelecidos pelo Conselho Deliberativo do FNDE, serão feitas:
I - pelas unidades executoras próprias das escolas públicas municipais, estaduais e do Distrito Federal, aos Municípios e às Secretarias de Educação, a que estejam vinculadas, que se encarregarão da análise, julgamento, consolidação e encaminhamento ao FNDE, conforme estabelecido pelo seu Conselho Deliberativo;
II - pelos Municípios, Secretarias de Educação dos Estados e do Distrito Federal e pelas entidades qualificadas como beneficentes de assistência social ou de atendimento direto e gratuito ao público àquele Fundo.
§ 1º As prestações de contas dos recursos transferidos para atendimento das escolas que não possuem unidades executoras próprias deverão ser feitas ao FNDE, observadas as respectivas redes de ensino, pelos Municípios e pelas Secretarias de Educação dos Estados e do Distrito Federal.
§ 2º Fica o FNDE autorizado a suspender o repasse dos recursos do PDDE nas seguintes hipóteses:
I - omissão na prestação de contas, conforme definido pelo seu Conselho Deliberativo;
II - rejeição da prestação de contas; ou
III - utilização dos recursos em desacordo com os critérios estabelecidos para a execução do PDDE, conforme constatado por análise documental ou de auditoria.
§ 3º Em caso de omissão no encaminhamento das prestações de contas, na forma do inciso I do caput deste artigo, fica o FNDE autorizado a suspender o repasse dos recursos de todas as escolas da rede de ensino do respectivo ente federado.
§ 4º O gestor, responsável pela prestação de contas, que permitir, inserir ou fizer inserir documentos ou declaração falsa ou diversa da que deveria ser inscrita, com o fim de alterar a verdade sobre os fatos, será responsabilizado na forma da lei.
Art. 27. Os entes federados, as unidades executoras próprias e as entidades qualificadas como beneficentes de assistência social ou de atendimento direto e gratuito ao público manterão arquivados, em sua sede, em boa guarda e organização, ainda que utilize serviços de contabilidade de terceiros, pelo prazo de cinco anos, contado da data de julgamento da prestação de contas anual do FNDE pelo órgão de controle externo, os documentos fiscais, originais ou equivalentes, das despesas realizadas na execução das ações do PDDE.
Art. 28. A fiscalização da aplicação dos recursos financeiros relativos à execução do PDDE é do FNDE e dos órgãos de controle externo e interno do Poder Executivo da União, e será feita mediante realização de auditorias, inspeções e análise dos processos que originarem as respectivas prestações de contas.
Parágrafo único. Os órgãos incumbidos da fiscalização dos recursos destinados à execução do PDDE poderão celebrar convênios ou acordos, em regime de mútua cooperação, para auxiliar e otimizar o controle do Programa.
Art. 29. Qualquer pessoa, física ou jurídica, poderá denunciar ao FNDE, ao Tribunal de Contas da União, aos órgãos de controle interno do Poder Executivo da União e ao Ministério Público irregularidades identificadas na aplicação dos recursos destinados à execução do PDDE.
Art. 30. Os arts. 2o e 5o da Lei no 10.880, de 9 de junho de 2004, passam a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 2º Fica instituído o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar - PNATE, no âmbito do Ministério da Educação, a ser executado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, com o objetivo de oferecer transporte escolar aos alunos da educação básica pública, residentes em área rural, por meio de assistência financeira, em caráter suplementar, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, observadas as disposições desta Lei.”
“Art. 5º O acompanhamento e o controle social sobre a transferência e aplicação dos recursos repassados à conta do PNATE serão exercidos nos respectivos Governos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, pelos conselhos previstos no art. 24, § 13, da Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007.
§ 1º Fica o FNDE autorizado a suspender o repasse dos recursos do PNATE nas seguintes hipóteses:
I - omissão na prestação de contas, conforme definido pelo seu Conselho Deliberativo;
II - rejeição da prestação de contas; ou
III - utilização dos recursos em desacordo com os critérios estabelecidos para a execução do Programa, conforme constatado por análise documental ou de auditoria.” (NR)
Art. 31. Ficam revogados:
I - os arts. 1o a 14 da Medida Provisória no 2.178-36, de 24 de agosto de 2001; e
II - a Lei no 8.913, de 12 de julho de 1994.
Art. 32. Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 28 de janeiro de 2009; 188º da Independência e 121º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Fernando HaddadPaulo Bernardo Silva

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Maior apreensão de livros do país

PROFESSOR // Cinco mil exemplares exclusivos estavam sendo vendidos
Mirella Marques // Diario

Três "sebos" do Recife tornaram-se ontem palco da maior apreensão de livros do professor do país. Mais de cinco mil exemplares novos e usados foram levados por 12 policiais da Delegacia de Prevenção e Repressão à Pirataria. Os pontos de venda estavam localizados nas ruas da Roda e Marquês do Recife, além da Avenida Dantas Barreto, todas no Centro.

Livros foram levados para depósito da Delegacia de Prevenção e Repressão à Pirataria na Rua Imperial. Foto: Fotos: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Quinze pessoas foram detidas para prestar esclarecimentos. O comércio de livros do professor é ilegal e fere os direitos das editoras e o processo de aprendizagem dos alunos, já que as obras são doadas aos educadores contendo as respostas das questões. Os responsáveis podem ser indiciados por violação do direito autoral (artigo 184 do 2º parágrafo do Código Penal). A pena varia de dois a quatro anos de reclusão.

"Estamos investigando se o responsável pelos desvios é, de fato, um professor, ou se há a participação de algum funcionário das editoras, que é a hipótese mais provável. Mas nenhuma linhade investigação será descartada", afirmou o delegado de Repressão à Pirataria, Paulo Furtado. Entre os detidos de ontem não estão professores, apenas comerciantes. O inquérito ainda não tem prazo para ser concluído. Por enquanto, os livros estão empilhados no depósito da delegacia, que fica na Rua Imperial. A polícia chegou até os locais de venda através de denúncias feitas à Associação Brasileira de Editores de Livros (Abrelivros), uma organização não-governamental de combate à venda de livros do professor em todo o país.

Alheios à proibição, assim como seus colegas do ramo de CDs e DVDs piratas, os vendedores recifenses cobravam de R$ 20 a R$ 60 por exemplar. "Nunca ninguém esteve aqui para repreender a venda. Pensei que era um livro como outro qualquer", disse um dos detidos, ignorando os avisos na capa de "comércio ilegal". A apreensão de ontem foi a maior registrada no país. A segunda maior aconteceu no ano passado, em São Paulo, quando foram recolhidos cerca de 4 mil livros.

Até a conclusão do inquérito, os cinco mil livros de matemática, inglês, português, espanhol, ciências, geografia, física, química e história ficarão à disposição da Justiça. Para não atrapalhar as investigações, eles não poderão ser redistribuídos. Na maioria dos casos de apreensão, as obras acabam voltando para as editoras, onde se juntarão a outras para reciclagem. Os livros do professor correspondem a 5% do volume total de produção das editoras brasileiras por ano. Eles são doados para uso exclusivo dos educadores e não podem ser comercializados. Nenhuma parcela dessas vendas ilegais volta para as editoras, o que é proibido de acordo com a lei do direito autoral.

Pacto pela Educação

Do www.badaueonline.com.br

Governo federal e secretários estaduais de educação do Nordeste firmam mais um pacto a favor da educação. Reunidos na manhã desta terça-feira, 27, com o ministro da Educação, Fernando Haddad, os secretários recebem orientações para acelerar, principalmente, o processo de alfabetização de jovens e adultos em seus estados.

A proposta é aumentar a efetividade das ações do programa Brasil Alfabetizado, reestruturado a partir do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), há dois anos. A meta do programa é atender os municípios com taxas de analfabetismo maiores ou iguais a 25% da população formada por jovens e adultos com 15 anos ou mais — em todo o país, são 1.928 municípios, dos quais 84% estão no Nordeste.

O novo pacto prevê a execução efetiva das edições de 2008, 2009 e 2010 do programa — a meta é alcançar 3,9 milhões de analfabetos durante esse triênio, em todo o país —, o cumprimento das metas declaradas no plano plurianual de alfabetização (PPAlfa) de cada estado e a garantia de oferta de continuidade da educação de jovens e adultos que se segue à alfabetização.

De acordo com Haddad, a parceria entre as esferas de governo já percorreu todas as etapas técnicas e pedagógicas para a implementação do programa. “Agora, temos de enfrentar obstáculos naturais, como mobilizar os analfabetos, que têm idade média de 54 anos, alcançar a população do campo e auxiliar no acesso a exames oftalmológicos e na oferta óculos para quem precisa”, disse.

Entre os avanços dos últimos anos na educação de jovens e adultos, o ministro destacou a melhoria do sistema de cadastro de turmas, de alfabetizandos e de alfabetizadores do programa Brasil Alfabetizado e a inclusão da educação de jovens e adultos no Fundo da Educação Básica (Fundeb). Segundo o ministro, não há limite orçamentário para o Brasil Alfabetizado — determinação do próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. “Se for preciso dobrar a verba, faremos isso. Vamos bancar todas as turmas que forem necessárias”, ressaltou.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

ALUNOS DE PEDAGOGIA REALIZAM INTERVENÇÕES EM ESCOLAS


A docente do Instituto Superior de Economia e Administração (Isead), Veronica Hazin e os alunos do 1º período do curso de Pedagogia, do Núcleo Guararapes, apresentaram os resultados obtidos com o projeto de intervenção pedagógica, realizado entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009. Foram visitadas escolas estaduais e municipais da região metropolitana de Recife, onde os futuros pedagogos puderam conhecer na prática o desafio diário de reinventar a educação e direcionar o ensino de modo a resgatar a cidadania de forma inclusiva.



O objetivo da professora é aprofundar o senso crítico e estimular a capacidade pedagógica em diferentes componentes da formação acadêmica do aluno estagiário. E dessa forma, facilitar o exercício de uma ação docente responsável, autônoma e reflexiva, despertando em seus alunos a busca por uma educação que dissemine valores e atitudes críticas quanto à realidade social vigente. Proporcionando assim, subsídios teórico-metodológicos para o desenvolvimento de ações sistematizadas que resultem em redimensionamento de sua prática.



De que forma a escola visitada pode obter frutos com este projeto? Os resultados das intervenções podem ser utilizados pelos educadores e gestores na definição de estratégias para melhorar o desempenho dos alunos. As escolas se apropriam dos resultados e convidam também os pais e responsáveis para conhecer, discutir e participar das ações propostas no plano.

A intervenção pedagógica contribui para o êxito do processo educativo. Ela enfoca as dificuldades mais comuns ou mais incidentes, bem como as mais urgentes no processo ensino-aprendizagem, além de destacar a importância de se acreditar na capacidade de aprendizagem de cada criança, bem como investir em sua auto-estima e se utilizar formas lúdicas na superação das dificuldades encontradas.


TRABALHOS DE INTERVENÇÃO DESENVOLVIDOS PELOS ALUNOS:


Escola Presbítero José Bezerra
Jogos e Recreação – Objetivos das alunas foi de estimular a curiosidade de forma lúdica e desafiadora do aprender brincando (utilizando reciclados)

Escola José Glicério
Projeto Corredor da leitura – Objetivo de despertar o prazer pela leitura, descobrir os sentidos das relações entre o lúdico e a realidade. concebido de forma a propiciar ao aluno umum olhar diferente e prazeroso , para que seja possível apontar novos direcionamentos no meu social . Subsidia também a compreensão dos problemas relacionados à escrita, bem como na reflexão de processos sócio-culturais que influenciam a leitura de mundo através do texto.
( As mesmas deixaram para a escola um cantinho com livros para a continuação do projeto).

Orquestra Cidadã dos Meninos do Coque
As alunas deixaram como doação: instrumentos musicais, roupas, brinquedos, tecidos, DVD, material de bazar e computadores, todos doados pela Receita federal. O objetivo foi de incentivar a ação social e a inclusão de menores carentes.

Escola Municipal Diácomo Abel Gueiros
Após observação de uma aula tradicional as alunas despertaram para intervir de forma lúdica com ética e resgate social Verificar o espaço e as relações do Lúdico como facilitador da aprendizagem na sala de aula. ( Confecção de presépio e cantinho de aprendizagem através do lúdico.)

Escola Estadual Edite Braga
As alunas desenvolveram um espaço recreativo com objetivo de estimular a socialização a criatividade, respeito as regras e as diferenças, as mesmas diagnosticaram que o local educativo precisava de um espaço para uma atividade direcionada. (barra de futebol, bambolê, rede de vôlei, apitos, cordas, bola.)

Escola Padre Costa Carvalho
Desenvolveram um trabalho de intervenção através do lúdico, deixando para escola jogos para o desenvolvimento dos sentidos e desenvolvimento intelectual e cognitivo.


Confira as fotos (clique para aumentá-las)














segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Fórum discute ajuda da educação em um mundo melhor

BELÉM  - Cerca de 10 mil militantes de movimentos sociais, educadores e representantes do poder público estão reunidos na capital paraense para o Fórum Mundial de Educação (FME), que começou nesta seguinda-feira (26). O objetivo do evento, paralelo ao Fórum Social Mundial, é discutir de que forma é possível construir uma novo mundo por meio da educação.

Segundo Salomão Hage, membro do comitê de organização do FME e professor do Instituto de Educação da Universidade Federal do Pará, os temas em debate são plurais: “Vamos discutir, por exemplo, questões culturais e de identidade das populações tradicionais, a possibilidade da educação transgredir esse sistema social excludente e elitista, a relação da educação com o meio ambiente. Existe um conjunto de temáticas transversais.”

Outra foco do FME é a educação de jovens e adultos, já que, em maio, Belém será sede da 6ª Conferência Internacional de Educação de Adultos (Confintea). O encontro é convocado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) de 12 em 12 anos e será a primeira vez que ocorrerá no Hemisfério Sul.

Para Hage, um dos principais desafios para a educação hoje, em todo o mundo, é ouvir as demandas da sociedade. “O FME está acontecendo em um lugar peculiar como a Amazônia, que tem uma grande biodiversidade e grande diversidade sociocultural. Temos aqui representantes de quilombolas, ribeirinhos, extrativistas – de certa forma, os segmentos populares estão representados”, disse ele. Desse modo, é possível começar a dialogar com essas populações para dar voz a eles, acrescentou.

Os debates do FME continuam nesta terça-feira (27) e serão encerrados antes da caminhada que marcar o início oficial do Fórum Social Mundial. 

Fórum discute ajuda da educação em um mundo melhor

BELÉM - Cerca de 10 mil militantes de movimentos sociais, educadores e representantes do poder público estão reunidos na capital paraense para o Fórum Mundial de Educação (FME), que começou nesta seguinda-feira (26). O objetivo do evento, paralelo ao Fórum Social Mundial, é discutir de que forma é possível construir uma novo mundo por meio da educação.

Segundo Salomão Hage, membro do comitê de organização do FME e professor do Instituto de Educação da Universidade Federal do Pará, os temas em debate são plurais: “Vamos discutir, por exemplo, questões culturais e de identidade das populações tradicionais, a possibilidade da educação transgredir esse sistema social excludente e elitista, a relação da educação com o meio ambiente. Existe um conjunto de temáticas transversais.”

Outra foco do FME é a educação de jovens e adultos, já que, em maio, Belém será sede da 6ª Conferência Internacional de Educação de Adultos (Confintea). O encontro é convocado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) de 12 em 12 anos e será a primeira vez que ocorrerá no Hemisfério Sul.

Para Hage, um dos principais desafios para a educação hoje, em todo o mundo, é ouvir as demandas da sociedade. “O FME está acontecendo em um lugar peculiar como a Amazônia, que tem uma grande biodiversidade e grande diversidade sociocultural. Temos aqui representantes de quilombolas, ribeirinhos, extrativistas – de certa forma, os segmentos populares estão representados”, disse ele. Desse modo, é possível começar a dialogar com essas populações para dar voz a eles, acrescentou.

Os debates do FME continuam nesta terça-feira (27) e serão encerrados antes da caminhada que marcar o início oficial do Fórum Social Mundial.

O Brasil precisa de 2 revoluções: a da educação e a da saúde, diz Leonardo Boff

Da Redação
Agência Pará

O teólogo brasileiro Leonardo Boff é um dos mais renomados conferencistas do Fórum Mundial da Educação (FME), dividindo a mesa da conferência "Educação, Transgressão e Construção da Cidadania Planetária" com o diretor do Instituto Paulo Freire, Moacir Gadotti e com a senadora Marina Silva (PT), durante a abertura do FME em Belém, na manhã desta segunda 26, no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia.

Leonardo Boff concedeu entrevista ao Portal da Seduc, falando sobre o sistema de ensino brasileiro, defendendo a valorização do professor como um dos pontos de partida para a busca de uma educação de qualidade e políticas que compensem a dívida do Brasil com os afrodescendentes.

Traçou ainda um panorama da educação brasileira nos últimos vinte anos. Na opinião do teólogo, iniciativas como o programa estadual "Escola de Portas Abertas" valem como sementes para as escolas seguirem e devem ser apenas o começo de uma rede que pode qualificar o processo educativo. Confira a entrevista:

Portal Seduc: Como o senhor vê o sistema de ensino no Brasil?

Leonardo Boff: Eu acho que no Brasil falta fazer duas grandes revoluções, a da educação e a da saúde; e também poderíamos incluir a da reforma agrária; que nunca foram feitas. Um público ignorante, que não foi gerado numa revolução; e um povo doente, que não fez a revolução na saúde e que não está sentado para garantir a sua vida, é um povo que não consegue dar um salto para a frente, rumo a um desenvolvimento sustentado, a uma autonomia, a uma cidadania plena. Então, ninguém está satisfeito com a educação. Embora haja setores que tenham trabalhado de forma alternativa, com a educação cívica, integradora, ecológica. Mas essa não é a tônica geral do processo educativo brasileiro.

Portal Seduc: Então, o que falta para reverter esse quadro?

Leonardo Boff: Acho que a porta de entrada seria valorizar muito mais o professor. Primeiro, valorizá-lo economicamente, para que ele tenha desafogo e possa trabalhar com alegria e, não, subsistindo. Segundo, que ele seja levado a uma educação permanente, com reciclagem, cursos de aprofundamento, encontro entre professores. Em terceiro lugar, que a escola mantenha sempre uma articulação orgânica com a sociedade, com o processo social, com a troca, de tal maneira que a formação não se faça só com a escola, mas com processo concreto da vida. Se um projeto de educação iniciasse com a valorização do professor e a qualificação dele, fazendo que a escola abra as portas para a sociedade, nós faríamos realmente uma revolução.

Portal Seduc: O Ministério da Educação tem o programa Escola Aberta e o governo estadual, por meio da Seduc, tem o programa Escola de Portas Abertas, que tem como objetivo minimizar a violência nas escolas pela socialização de atividades nos fins de semana, com a comunidade. Como o senhor observa iniciativas como essas?

Leonardo Boff: Eu acho que são experiências seminais. Elas valem como sementes, como emulação e provocação para todas as escolas seguirem por esses caminhos. Cada uma com as suas regiões, porque devemos respeitar também a singularidade de cada região, de cada população. Mas o ideal é isso, entender que educação não é passar informações apenas. É acender uma luz na cabeça das pessoas e, isso, durante todo o processo da vida. A vida que é feita de intercâmbio, de trocas de crises, de superação. É esse processo que vai formando as pessoas, dando consciência no sentido de cidadania, de direito. Essas experiências são extraordinárias e boas. Elas devem ser apenas o começo de uma rede que vai qualificando todo o processo educativo.

Portal Seduc: A violência é um problema social e atinge também as escolas. Como o senhor analisa isso?

Leonardo Boff: Há dois fatores que são determinantes para a violência nas escolas. Primeiro, é a violência da sociedade, que é propagada, legitimada e magnificada pelos meios de comunicação. O que as televisões mostram nos filmes adultos, mesmo nos filmes para crianças, que tomam aqueles mitos japoneses, são de extrema violência. Significa que suscita dentro de nós a dimensão agressiva, porque o ser humano tem um lado agressivo - que é pertinente ao processo da evolução-, assim como tem um lado de “benquerença”, de convivência, de autocontrole. Então, uma sentada sobre a magnificação e a exaltação da violência favorece que as pessoas alimentem essa dimensão de violência entre si. Segundo aspecto que é muito grave é a eclipse da figura do pai. Qual é a importância do pai? Ele é aquele que no processo educativo impõe limites aos filhos. A mãe aconchega, acolhe e dá o sentimento de proteção e de amor. O pai é aquele que permite a passagem do mundo familiar integrado e bom de se viver, para o mundo da sociedade onde há conflitos, há contradições e a pessoa tem que aprender a respeitar os outros e as leis. Como na sociedade moderna há um eclipse da figura do pai, o pai foi banalizado e foi substituído por outros fatores da escola. Essa carência da figura dele e daquilo que ele significa, faz com que as pessoas não tenham mais respeito ao professor e isso é um passo para a violência.

Portal Seduc: Como fica o papel da família na escola?

Leonardo Boff: Há uma tendência das famílias delegarem à escola a educação dos filhos, o que é um erro, porque a família é insubstituível. Nós nascemos numa família e as relações pai e mãe são fundamentais nos primeiros anos de vida e, se houver uma falha ali, marcará para toda a vida. A escola prolonga a família, mas de um outro nível, que é o da inserção no mundo social, da apropriação do saber acumulado da sociedade, armar a arquitetônica do saber, aprender a orientar-se no mundo. Hoje, as duas instâncias estão em crise. A família está em crise, já que na sociedade moderna não é mais aquela família unicelular e, simultaneamente, a escola está permanentemente em crise, porque não há um projeto escolar e isso tem como efeito que as pessoas se sentem perdidas. Algumas conseguem fazer porque a família acompanha e há pessoas que também reagem e buscam projeto de vida, mas isso deveria ser preocupação do Estado, de dar as condições para que a pessoa vire cidadão, alguém que participe, que tenha consciência de direitos e tenha a capacidade de plasmar o seu destino e organizar a sua vida.

Portal Seduc: Como o senhor avalia os mecanismos de inclusão do ensino no Brasil?

Leonardo Boff: Acho que toda a sociedade brasileira tem uma dívida enorme com os afrodescendentes, porque nós os tratamos como objetos e essa dívida nós nunca pagamos. Numa sociedade de desiguais, tratar todo mundo igualmente é uma injustiça. O que se deve fazer para diminuir as desigualdades e criar condições para que eles possam também entrar na sociedade, participar. Sou a favor de políticas compensatórias, de cotas, mas que haja acompanhamento. O Estado criou isso e abandonou, quando deveria criar uma estrutura de professores e de analistas que acompanhassem as pessoas e elas se sentissem finalmente integradas à sociedade e, não, como estudantes de segunda categoria.

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Leonardo Boff: A ignorância do Brasil é uma ignorância política, isto é, interessa ao estamento político dominante que o povo continue ignorante. Eles não temem um pobre. Temem um pobre que pensa, que tem consciência dos seus direitos e escolhe os seus eleitores. Então, há uma ignorância em algumas regiões do Brasil que é alimentada pelos grupos políticos dominantes que mantêm essas massas na marginalidade, da não participação da cultura da formação, da cultura do não-conhecimento e isso nós temos continuamente que denunciar, como nós temos as grandes empresas de comunicação que utilizam a ideologia dominante para enquadrar as pessoas. Hoje, a família Globo forma mais a cabeça dos brasileiros do que todas as escolas. Forma os valores e estilos de vida. E isso não é democrático. Quem delegou à família Marinho o poder de ter acesso à alma do brasileiro? Isso é falsa democracia, é outra forma de ditadura e que nós, educadores, temos que denunciar por amor à cidadania do povo brasileiro.

Portal Seduc: Fazendo uma retrospectiva da educação brasileira nos últimos vinte anos, o que avançou?

Leonardo Boff: Eu acho que ela evoluiu pontualmente. Por exemplo, há setores universitários de ponta que estão no nível de qualquer universidade estrangeira de primeiro mundo. Há também grupos de educação média que são de extraordinária qualidade, que incorporam as compressionais modernas da pedagogia, da subjetividade da psicologia, das tecnologias de informação e há outras que malmente subsistem dentro do velho esquema escolar que mal passaram pelo método escolar de Paulo Freire. É muito desigual o processo brasileiro, e isso apenas denuncia a falta de um projeto coletivo que englobe a todos. Eu sei que é difícil porque o Brasil são muitos “Brasis” e com várias culturas, mas falta um projeto de uma educação básica no qual todos tivessem direito, que servisse de patamar comum, garantido, sólido, para dar saltos de qualidade a uma educação cada vez mais plena.

Por Julie Rocha - Seduc

  

Aberta inscrição para o Fórum Mundial de Educação

Aberta a inscrição para o Fórum Mundial de Educação, parte do programa do Fórum Social Mundial, que começa no dia 27 e vai até o dia 1.º de fevereiro, em Belém, no Pará. De acordo com os organizadores, são esperadas delegações de países como Argentina, Uruguai, Paraguai, México, Chile, Canadá, Espanha, França, Itália, Portugal e África do Sul e dirigentes da Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), entre outros.

Entre os temas que serão abordados durante o encontro estão Educação, desenvolvimento, economia solidária e ética planetária, Educação cidadã: inclusão e diversidade, Educação, meio ambiente e sustentabilidade. As inscrições podem ser feitas por meio do site do Fórum: www.forummundialeducacao.org

Com informações do Terra

Docente do Isead na Revista Nova Escola


PRODUÇÃO DE FÁBULAS

A docente do Instituto Superior de Economia e Administração (Isead), Edileuza Gomes dos Santos é uma das entrevistadas na edição 219 (Jan/Fev) da Revista Nova Escola, na matéria de capa sobre produção de texto. A professora fala do projeto que desenvolveu sobre produção de fábulas com a 3ª série. Ela deu início ao trabalho investindo na ampliação

do repertório dentro desse gênero literário. Desta forma foi possível observar regularidades na estrutura discursiva e linguística, como o fato de que os animais são os protagonistas. “Escolhi esse gênero porque ele tem começo, meio e fim bem marcados, algo que eu queria desenvolver na produção da garotada”.

Confira a matéria abaixo:

CAPA | Produção de texto

Escrever de verdade

Para produzir textos de qualidade, seus alunos têm de sabero que querem dizer, para quem escrevem e qual é o gênero que melhorexprime essas ideias. A chave é ler muito e revisar continuamente

Thais Gurgel Colaborou Tadeu Breda

Narração, descrição e dissertação. Por muito tempo, esses três tipos de texto reinaram

absolutos nas propostas de escrita. Consenso entre professores, essa maneira de ensinar a escrever foi uma das principais responsáveis pela falta de proficiência entre nossos estudantes. O trabalho baseado nas famosas composições e redações escolares tem uma fragilidade essencial: ele não garante o conhecimento necessário para produzir os textos que os alunos terão de escrever ao longo da vida.

“Nessa antiga abordagem, ninguém aprendia a considerar quem seriam os leitores. Por isso, não havia a ref lexão sobre a melhor estratégia para colocar uma ideia no papel”, resume Telma Ferraz Leal, da Universidade Federal de Pernambuco.

Foto: Marcos Rosa

TEXTOS DE QUALIDADE Editorial, biografia, fábula e conto. Para redigir textos com significado, alunos de São Paulo, do Recife e do Rio de Janeiro leram o gênero estudado e aprenderam a planejar o que vão produzir e a revisar o material antes que ele possa circular entre colegas e familiares. VEJA GALERIA COM OS TEXTOS PRODUZIDOS

Para aproximar a produção escrita das necessidades enfrentadas no dia-a-dia, o caminho atual é enfocar o desenvolvimento dos comportamentos leitores e escritores. Ou seja: levar a criança a participar de forma eficiente de atividades da vida social que envolvam ler e escrever. Noticiar um fato num jornal, ensinar os passos para fazer uma sobremesa ou argumentar para conseguir que um problema seja resolvido por um órgão público: cada uma dessas ações envolve um tipo de texto com uma finalidade, um suporte e um meio de veiculação específicos. Conhecer esses aspectos é condição mínima para decidir, enfim, o que escrever e de que forma fazer isso. Fica evidente que não são apenas as questões gramaticais ou notacionais (a ortografia, por exemplo) que ocupam o centro das atenções na construção da escrita, mas a maneira de elaborar o discurso (leia o quadro abaixo).

Expectativas de aprendizagem

No que se refere à escrita, é importante que, no fim do 5º ano, o aluno saiba:
■ Re-escrever e/ou produzir textos de autoria utilizando procedimentos de escritor: planejar o que vai escrever considerando a intencionalidade, o interlocutor, o portador e as características do gênero; fazer rascunhos; reler o que está escrevendo, tanto para controlar a progressão temática como para melhorar outros aspectos – discursivos ou notacionais – do texto.
■ Revisar escritas (próprias e de outros), em parceria com os colegas, assumindo o ponto de vista do leitor com intenção de evitar repetições desnecessárias (por meio de substituição ou uso de recursos da pontuação); evitar ambiguidades, articular partes do texto, garantir a concordância verbal e a nominal.
■ Revisar textos (próprios e de outros) do ponto de vista ortográfico. Ao concluir o 9º ano, o estudante precisa estar apto também a:
■ Compreender e produzir uma variedade de textos, tendo em conta os padrões que os organizam e seus contextos de produção e recepção.
■ Utilizar todos os conhecimentos gramaticais, normativos e ortográficos em função da otimização de suas práticas sociais de linguagem.
■ Exercer sobre suas produções e interpretações uma tarefa de monitoramento e controle constantes.
■ Interpretar e produzir textos para responder às demandas da vida social enquanto cidadão.

Fonte: Secretaria de Estado de Educação de São Paulo e Diseño Curricular de la Educación Secundaria da Província de Buenos Aires, Argentina

Há outro ponto fundamental nessa transformação das atividades de produção de texto: quem vai ler. E, nesse caso, você não conta. “Entregar um texto para o professor é cumprir tarefa”, argumenta Fernanda Liberali, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. “Escrever não é fácil. Para que o aluno fique estimulado com a proposta, é preciso que veja sentido nisso.” O objetivo é fazer com que um leitor ausente no momento da produção compreenda o que se quis comunicar – e esse desafio requer diferentes aprendizagens.

O primeiro passo é conhecer os diversos gêneros. Mas é preciso atenção: isso não significa que os recursos discursivos, textuais e linguísticos dos contos de fadas e da reportagem, por exemplo, sejam conteúdos a apresentar aos alunos sem que eles os tenham identificado pela leitura, como ressalta Delia Lerner no livro Ler e Escrever na Escola. Um primeiro risco é o de cair na tentação de transmitir verbalmente as diferentes estruturas textuais. De acordo com a pesquisadora em didática, cabe a todo professor permitir que as crianças adquiram os comportamentos do leitor e do escritor pela participação em situações práticas e não “por meras verbalizações”.

Ensinar a produzir textos nessa perspectiva prevê abordar três aspectos principais: a construção das condições didáticas, a revisão e a criação de um percurso de autoria, como se pode ver a seguir.

Os textos redigidos em classe precisam de um destinatário
“Escreva um texto sobre a primavera.” Quem se depara com uma proposta como essa imediatamente deveria se fazer algumas perguntas. Para quê? Que tipo de escrita será essa? Quem vai lê-la? Certas informações precisam estar claras para que se saiba por onde começar um texto e se possa avaliar se ele condiz com o que foi pedido. Nas pesquisas didáticas de práticas de linguagem, essas delimitações denominam-se condições didáticas de produção textual. No que se refere ao exemplo citado, fica difícil responder às perguntas, já que esse tipo de redação não existe fora da escola, ou seja, não faz parte de nenhum gênero.

De acordo com Bernard Schneuwly e Joaquim Dolz, o trabalho com um gênero em sala de aula é o resultado de uma decisão didática que visa proporcionar ao aluno conhecê-lo melhor, apreciá-lo ou compreendê-lo para que ele se torne capaz de produzi-lo na escola ou fora dela. No artigo Os Gêneros Escolares – Das Práticas de Linguagem aos Objetos de Ensino, os pesquisadores suíços citam ainda como objetivo desse trabalho desenvolver capacidades transferíveis para outros gêneros.

Para que a criança possa encontrar soluções para sua produção, ela precisa ter um amplo repertório de leituras. Essa possibilidade foi dada à turma de 9º ano da professora Maria Teresa Tedesco, do Centro de Educação e Humanidades Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira – conhecido como Colégio de Aplicação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Procurando desenvolver a leitura crítica de textos jornalísticos e o conhecimento das estruturas argumentativas na produção textual, ela propôs uma atividade permanente: a cada semana, um grupo elegia uma notícia e expunha à turma a forma como ela tinha sido tratada nos jornais. Depois, seguia-se um debate sobre o tema ou a maneira como as reportagens tinham sido veiculadas.

Paralelamente, os estudantes tiveram contato com textos de finalidades comunicativas diversas no jornal, como cartas de leitores, editoriais, artigos opinativos e horóscopo. “O objetivo era que eles analisassem os materiais, ref letissem sobre os propósitos de cada um e adquirissem um repertório discursivo e linguístico”, conta Maria Teresa, que lançou um desafio: produzir um jornal mural.

Na hora de iniciar uma produção escrita, todo estudante precisa saber o quê, para quê e para quem vai escrever. Só então se define a forma do texto, que precisa ser entendido pelo leitor

A proposta era trabalhar com textos opinativos, como os editoriais. Para que a escrita ganhasse sentido, ela avisou que o jornal seria afixado no corredor e que toda a comunidade escolar teria acesso a ele. Os assuntos escolhidos tratavam das principais notícias do momento, como o surto de dengue no Rio de Janeiro e a discussão sobre a maioridade penal. Com as características do gênero já discutidas e frescas na memória, todos passaram à produção individual.

A primeira versão foi lida pela professora. “Sempre havia observações a fazer, mas eu deixava que os próprios meninos ajudassem a identificar as fragilidades”, diz Maria Teresa. Divididos em pequenos grupos, os alunos revisaram a produção de um colega, escrevendo um bilhete para o autor com sugestões e avaliando se ela estava adequada para publicação. Eram comuns comentários como “argumento fraco”, “pouco claro” e “falta conclusão”, demonstrando o repertório adquirido com a leitura dos modelos.

“Envolver estudantes de 6º a 9º ano na produção textual é um grande desafio”, ressalta Roxane Rojo, da Universidade Estadual de Campinas. “Muitas vezes, eles tiveram de produzir textos sem função comunicativa durante a escolaridade inicial e, por acreditarem que escrever é uma chatice, são mais resistentes.” Atenta, Maria Teresa soube driblar esse problema. Percebendo que a turma andava inquieta com a proibição por parte da direção do uso de short entre as meninas, a professora fez disso tema de um editorial do jornal mural – a produção foi uma das melhores propostas do projeto.

“Para que alguém se coloque na posição de escritor, é preciso que sua produção tenha circulação garantida e leitores de verdade”, diz Roxane. E todos saberiam a opinião do aluno sobre a questão, inclusive a diretoria. “Só assim ele assume responsabilidade pela comunicação de seu pensamento e se coloca na posição do leitor, antecipando como ele vai interpretá- lo.” A argumentação da garotada foi tão bem estruturada que a diretoria resolveu voltar atrás e liberar mais uma vez o uso da roupa entre as garotas.

A criação de condições didáticas nas propostas para as turmas de 1º a 5º ano segue os mesmos preceitos utilizados pela professora Maria Teresa. “Em qualquer série, como na vida, produzir um texto é resolver um problema”, ensina Telma Ferraz Leal. “Mas para isso é preciso compreender quais são os elementos principais desse problema.”

Revisão vai além da ortografia e foca os propósitos do texto
Produzir textos é um processo que envolve diferentes etapas: planejar, escrever, revisar e re-escrever. Esses comportamentos escritores são os conteúdos fundamentais da produção escrita. A revisão não consiste em corrigir apenas erros ortográficos e gramaticais, como se fazia antes, mas cuidar para que o texto cumpra sua finalidade comunicativa. “Deve-se olhar para a produção dos estudantes e identificar o que provoca estranhamento no leitor dentro dos usos sociais que ela terá”, explica Fernanda Liberali.

Com a ajuda do professor, as turmas aprendem a analisar se ideias e recursos utilizados foram eficazes e de que forma o material pode ser melhorado. A sala de 3º ano de Ana Clara Bin, na Escola da Vila,
em São Paulo, avançou muito com um trabalho sistemático de revisão. Por um semestre, todos se dedicaram a um projeto sobre a história das famílias, que culminou na publicação de um livro, distribuído também para os pais. Dentro desse contexto, Ana Clara propôs a leitura de contos em que escritores narram histórias da própria infância.

Os estudantes se envolveram na reescrita de um dos contos, narrado em primeira pessoa. Eles tiveram de re-escrevê- lo na perspectiva de um observador – ou seja, em terceira pessoa. A segunda missão foi ainda mais desafiadora: contar uma história da infância dos pais. Para isso, cada um entrevistou familiares, anotou as informações colhidas em forma de tópicos e colocou tudo no papel.

Ana Clara leu os trabalhos e elegeu alguns pontos para discutir. “O mais comum era encontrar só o relato de um fato”, diz. “Recorremos, então, aos contos lidos para saber que informações e detalhes tornavam a história interessante e como organizá-los para dar emoção.” Cada um releu seu conto, realizou outra entrevista com o parente-personagem e produziu uma segunda versão.

Tiveram início aí diferentes formas de revisão – análise coletiva de uma produção no quadro-negro, revisão individual com base em discussões com o grupo e revisões em duplas – realizadas dias depois para que houvesse distanciamento em relação ao trabalho. A primeira proposta foi a “revisão de ouvido”. Para realizá-la, Ana Clara leu em voz alta um dos contos para a turma, que identificou a omissão de palavras e informações. A professora selecionou alguns aspectos a enfocar na revisão: ortografia, gramática e pontuação. “Não é possível abordar de uma só vez todos os problemas que surgem”, completa Telma.

O objetivo do aluno ao fazer a revisão de texto é conseguir que ele comunique bem suas ideias e se ajuste ao gênero. Isso tem de ser feito tanto durante a produção como ao fim dela

Quando a classe de Ana Clara se dividiu em duplas, um de seus propósitos era que uns dessem sugestões aos outros. A pesquisadora argentina
em didática Mirta Castedo é defensora desse tipo de proposta. Para ela, as situações de revisão em grupo desenvolvem a ref lexão sobre o que foi produzido por meio justamente da troca de opiniões e críticas. “Revisar o que os colegas fazem é interessante, pois o aluno se coloca no lugar de leitor”, emenda Telma. “Quando volta para a própria produção e faz a revisão, a criança tem mais condições de criar distanciamento dela e enxergar fragilidades.”

Um escritor proficiente, no entanto, não faz a revisão só no fim do trabalho. Durante a escrita, é comum reler o trecho já produzido e verificar se ele está adequado aos objetivos e às ideias que tinha intenção de comunicar – só então planeja- se a continuação. E isso é feito por todo escritor profissional.

A revisão em processo e a final são passos fundamentais para conseguir de fato uma boa escrita. Nesse sentido, a maneira como você escreve e revisa no quadro-negro, por exemplo, pode colaborar para que a criança o tome como modelo e se familiarize com o procedimento. Sobre o assunto, Mirta Castedo escreve em sua tese de doutorado: “Os bons escritores adultos (...) são pessoas que pensam sobre o que vão escrever, colocam em palavras e voltam sobre o já produzido para julgar sua adequação. Mas, acima de tudo, não realizam as três ações (planejar, escrever e revisar) de maneira sucessiva: vão e voltam de umas a outras, desenvolvendo um complexo processo de transformação de seus conhecimentos em um texto”.

Ser autor exige pensar no enredo e na estrutura
O terceiro aspecto fundamental no trabalho de produção textual é garantir que a criança ganhe condições de pensar no todo. Do enredo à forma de estruturar os elementos no papel: é preciso aprender a dar conta de tudo para atingir o leitor. Esse processo denomina-se construção de um percurso de autoria e se adquire com tempo, prática e ref lexão.

Os estudos em didática das práticas de linguagem fizeram cair por terra o pensamento de que a redação com tema livre estimula a criatividade. Hoje sabe-se que depois da alfabetização há ainda uma longa lista de aprendizagens. Foi considerando a complexidade desse processo queEdileuza Gomes dos Santos, professora da
EM de Santo Amaro, no Recife, desenvolveu um projeto de produção de fábulas com a 3ª série.

Ela deu início ao trabalho investindo na ampliação do repertório dentro desse gênero literário. Só assim foi possível observar regularidades na estrutura discursiva e linguística, como o fato de que os animais são os protagonistas. “Escolhi esse gênero porque ele tem começo, meio e fim bem marcados, algo que eu queria desenvolver na produção da garotada.”

Para que o jovem seja capaz de elaborar um texto com as próprias ideias e dentro das características de um gênero, é preciso que desenvolva um percurso de autoria

A primeira proposta foi o reconto oral de uma fábula conhecida. “Isso envolve organizar ideias e pode ser uma forma de planejar a escrita”, endossa Patricia Corsino, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Quando já dominamos todas as informações de uma narrativa, podemos focar apenas na forma de expor os elementos – mas esse é um grande desafio no início da escolaridade.

Na turma de Edileuza, as propostas seguintes foram a re-escrita individual e a produção de versões de fábulas conhecidas com modificações dos personagens ou do cenário. Aos poucos, todos ganharam condições de inventar situações. A professora percebeu que a turma não entendia bem o sentido da moral da história. Pediu, então, uma pesquisa sobre provérbios e seu uso cotidiano.

Com essa compreensão e um repertório de ditados populares, Edileuza sugeriu a criação de uma fábula individual. Ela discutiu com o grupo que elas geralmente têm como protagonistas inimigos tradicionais (cão e gato ou gato e rato, por exemplo). Estava colocada a primeira restrição para a produção. Em seguida, a classe relembrou alguns provérbios que poderiam ser escolhidos como moral nas histórias criadas.

Desde o início, todos sabiam que as produções seriam lidas por estudantes de outra escola, o que serviu de estímulo para bolar tramas envolventes. “Há uma diferença entre escrever textos com autonomia – obedecendo à estrutura do gênero, sem problemas ortográficos ou de coerência – e se tornar autor”, diz Patrícia Corsino. “No primeiro caso, basta aprender as características do gênero e conhecer o enredo, por exemplo. No segundo, é preciso desenvolver ideias.” Para chegar lá, a interação com professores e colegas e o acesso a um repertório literário são fundamentais.

Do 6º ao 9º ano, o processo de construção da autoria pode exigir desafios que sejam cada vez mais complexos: a elaboração de tensões na narrativa ou a participação em debates para desenvolver a argumentação, como fez a professora Maria Teresa, do Rio de Janeiro. “A re-escrita, primeiro passo para a construção da autoria, pode vir com propostas de produção de paródias, no caso dos maiores, que exigem mais elaboração por parte das turmas”, diz Roxane Rojo. Uma boa forma de fazer circular textos nessa fase são os meios digitais, como blogs e a própria página do colégio na internet. Os jovens podem se responsabilizar por todas as etapas de produção, inclusive pela publicação, o que os estimula a aprimorar a escrita. Levar os estudantes a se expressar cada vez melhor, afinal, deve ser o objetivo de todo professor.

Quer saber mais?

CONTATOS
Centro de Educação e Humanidades Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, R. Santa Alexandrina, 288, 20261-232, Rio de Janeiro, RJ, tel. (21) 2504-4004
EM de Santo Amaro, Av. Norte, 375, 52051-000, Recife, PE, tel. (81) 3232 5919
Escola da Vila, R. Barroso Neto, 91, 05585-010, São Paulo, SP, tel. (11) 3726-3578
Fernanda Liberali, liberali@uol.com.br
Roxane Rojo, rrojo@iel.unicamp.br
Telma Ferraz Leal, tfleal@terra.com.br

BIBLIOGRAFIA
Aprendendo a Escrever, Ana Teberosky, 200 págs., Ed. Ática, tel. (11) 3346-3000, 43,90 reais
Estética da Criação Verbal – Teoria e Crítica Literária, Mikhail Bakhtin, 512 págs., Ed. Martins Fontes,
tel. (11) 3241-3677, 73,30 reais
Ler e Escrever na Escola – O Real, o Possível e o Necessário, Delia Lerner, 128 págs., Ed. Artmed,
tel. 0800-703-3444, 36 reais
Ortografia: Ensinar e Aprender, Artur Gomes de Morais, 128 págs., Ed. Ática, 36,90 reais

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