Francisco Oliveira foi aluno da UVA e, atualmente, está vinculado à Universidade como professor. Temporariamente afastado para concluir a dissertação de Mestrado, Francisco conta, nesta entrevista, seu percurso de vida, as escolhas que fizeram a diferença e as dicas para quem quer ter sucesso na área acadêmica.
Blog do Isead – O que o senhor estudou na UVA e como conheceu a Universidade?
Francisco Oliveira – Fui estudante de Pedagogia de uma das primeiras turmas da Região Metropolitana do Recife. Concluí no segundo semestre de 2007. A UVA me foi indicada por alguns amigos e destes, três haviam estudado na Universidade em Sobral. Antes de entrar na UVA, fiz uma coisa que recomendo e que poucas pessoas fazem: fui pesquisar sobre o Curso de Pedagogia e falei com o diretor de um dos polos para tirar todas as dúvidas. Tanto estudei sobre a UVA que, nas primeiras reuniões de Curso, surpreendi até os funcionários da Administração.
Blog do Isead – E como foi esse salto da Graduação para um Mestrado tão cedo?
F.O. – Ainda quando estava no último ano de Pedagogia, entrei no Centro de Educação da UFPE como pesquisador voluntário, levado por um professor da UVA. Na época, estava investigando a área de Novas Tecnologias da Educação. Em 2008, passei na seleção da Especialização em Psicologia na Educação na própria UFPE, e também ingressei, após seleção, como professor tutor de Psicologia da UFRPE. No final de 2008, quando estava terminando a pós, entrei no Mestrado em Psicologia Social no Centro de Filosofia e Ciências Humanas.
Blog do Isead – Como o senhor define a área de Psicologia Social? E sua dissertação, sobre o que investiga?
F.O. – A Psicologia Social é um campo da Psicologia que investiga como os sujeitos se constroem através das interações sociais. Nesse sentido, busco compreender através da Análise do Discurso da Psicologia Social Discursiva como os discursos fabricam e dão sentido a realidade. A minha dissertação de Mestrado investiga a ligação entre a religião, o sujeito e a mídia: como os sujeitos fabricam suas identidades através dos discursos midiáticos da Igreja, no caso a Universal do Reino de Deus. Temos como hipótese que estes discursos não só constroem as identidades das pessoas/fiéis, como também são utilizados retoricamente pela mídia (jornais, revistas, programas de TV) no sentido de posicionar outros grupos e disputar poder no mercado religioso.
Blog do Isead - Sempre quis a área acadêmica?
F.O. - Eu iniciei como professor bem cedo, aos 17 anos. Comecei dando aulas no Curso de Eletricidade da ONG em que trabalho, chamada Trapeiros de Emaús. Eu sempre soube que não faria outra coisa que não fosse ensinar. Na realidade, antes de escolher Pedagogia, pensei em Filosofia, já que freqüentei seminário teológico por um tempo. Depois, pensei até em Ciências Sociais , mas foi em Pedagogia que acabei me encontrando. No programa de Pedagogia, vemos várias disciplinas como, Filosofia, Sociologia, Psicologia e, por isso, considero o curso muito completo. Ele abre um leque de possibilidades para os alunos, que podem dar aulas em várias licenciaturas depois da pós-graduação.
Blog do Isead - Como você avalia o curso da UVA?
F.O. - Não acho que a UVA perca em educação ou estrutura para nenhuma outra instituição privada do estado. Outra coisa: é preciso que os alunos tenham em mente que a Universidade não se constrói sozinha. São os alunos que também fazem a Universidade. Somos nós que respondemos pelo profissional que seremos. Sou grato à UVA por ter me proporcionado uma formação acadêmica, e por estar me possibilitando mais esta experiência no ensino superior. De certa forma, cursar Pedagogia na UVA me fez sair na frente – vou terminar o Mestrado com 25 anos, e, se conseguir ingressar logo no Doutorado, como é meu objetivo, serei um dos doutores mais jovens da universidade. Eu escolhi a UVA muito tranquilamente, porque pesquisei sobre a Universidade. Além disso e acima de tudo, a UVA é uma Universidade pública. E foi assim que eu pensei: eu vou pagar para estudar numa instituição pública estadual brasileira. E além dos mais de 40 anos de experiência no ensino superior a UVA não é uma faculdade, é uma universidade, o que garante uma série de benefícios para o seu diploma.
Blog do Isead – A UVA é realmente pioneira em vários aspectos.
F.O. – Sim, é a terceira maior universidade pública do Ceará. Nas minhas pesquisas, descobri muitos fatos interessantes e que me fizeram entrar na Universidade de cabeça. E esse princípio para mim é básico: os alunos precisam investigar o histórico e a experiência das instituições em que estudam. Isso acarreta numa maior segurança e conhecimento do curso que você escolheu.
Blog do Isead – O que o senhor achou da reforma curricular do Curso de Pedagogia?
F.O. – Foi um grande ganho. Agora, o aluno tem a oportunidade de estudar disciplinas diferenciadas, como Educação Inclusiva, Educação e Movimentos Sociais, Educação nas Empresas, o que faz com que ele saia da Graduação para trabalhar em outros espaços além da educação formal. Esses alunos saem com uma bagagem diferenciada, e prontos para atuar em diferentes espaços.
Blog do Isead – Algumas dicas para ter sucesso na área acadêmica?
F.O. – Um grande número de pessoas entra na Universidade apenas para conseguir o ensino superior, porque já tem o magistério e busca, portanto, alguma gratificação financeira. O diferencial é este: quando você busca apenas o diploma, você não se dedica ao curso e no que ele pode lhe proporcionar. A Universidade requer reflexão, pesquisa e extensão. Esses são os objetivos do Ensino Superior e, se o aluno não procura isso, ele desperdiça muitas oportunidades, porque a formação é para vida. Devemos buscar tudo que o curso pode nos dar. Enquanto os educadores não tiverem essa consciência, nós teremos muitas pessoas inconformadas. Então, sabendo que a reflexão é fundamental, entrar na vida acadêmica deve ser um projeto, como nos disse o filósofo francês Jean Paul Sartre: “O homem é o seu projeto, e só existe na medida em que o realiza através da série de seus atos”. Quando você constrói esse projeto de vida, você já tem o mais importante: um alvo. Só falta, agora, trilhar os caminhos para conseguir.
Blog do Isead – É preciso abrir mão de muitas coisas para ser professor e pesquisador?
F.O.- Sim. O mundo acadêmico é dinâmico, todos os dias nascem novas teorias e conceitos, em todos os campos. Isso requer do professor um conjunto muito grande de ferramentas que possibilitem absorver o conhecimento e utiliza-ló. Muita leitura, então. É preciso se inteirar do campo que você quer pesquisar. O mundo acadêmico é teoria e prática e essas duas formam a práxis de que Paulo Freire tanto nos falava. Não tem como ser professor universitário sem ser pesquisador. E esta opção requer que se façam muitas escolhas, ou seja, temos que abrir mão de algum tempo nosso para nos dedicar ao nosso projeto, nosso alvo.
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